Política Quotidiana

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quarta-feira, fevereiro 15, 2006

DESFAZENDO EQUÍVOCOS

Do meu post anterior pode ter ficado a ideia que tenho um ódio de estimação pela FENPROF, o que não é verdade. Aliás, não tenho ódios de estimação por nada nem por ninguém.

No entanto, a adjectivação que dei à FENPROF aplica-se, de um modo geral e em diversos graus, à generalidade dos sindicatos.

Eu entendo que os sindicatos são essenciais à democracia, etc., etc., de acordo com os cânones do politicamente correcto.

Não confundo é a ideia ou sequer o instituto, com os seus protagonistas.

A grande maioria dos nossos sindicalistas não representa ninguém a não ser os seus próprios interesses pessoais ou corporativos. Isto é, representam a cúpula de dirigentes sindicais, nada mais.

Apareceram no mundo sindical nos bons velhos tempos do PREC ou são discípulos da lógica que então imperava. Desde esses tempos, Portugal abriu-se ao mundo, entrou na comunidade europeia, mas todo isso é riscado do discurso e suponho do pensamento dos sindicalistas.

Para quem tem um bocado de memória, é relativamente fácil perceber o percurso dos sindicatos em Portugal. Aquilo que no início era uma representação pujante dos diversos sectores de actividade económica, acantonou-se hoje na função pública, curiosamente o sector que menos protecção e auxílio precisa.

Estou à vontade para falar disso porque sou funcionário público. Hoje os únicos sindicatos que têm algum peso social são os da função pública. Discutem alínea a alínea das leis laborais do sector público, enquanto os trabalhadores do sector privado, objectivamente mais desprotegidos, foram pura e simplesmente abandonados.

Entraram numa guerra caricatural, em que vão recuando, mas continuam a fazer barulho e a proclamar vitórias.

A aprovação do Código do Trabalho foi a demonstração clara da impotência e da esquizofrenia dos sindicatos. Não por razões substanciais, que não vou aqui discutir, mas porque pura e simplesmente os sindicatos não conseguiram mobilizar a opinião pública para a sua causa. Já ninguém os ouve.

Esta incapacidade teria feito qualquer organização minimamente sensata, parar e pensar sobre a sua actuação. Mas não. Perdendo a batalha, segue a guerra, cem metros atrás.

Em conjunto com os sucessivos governos, os sindicatos são os grandes culpados do estado das coisas na função pública. Porque estão indisponíveis para negociar, o que não deixa de ser espantoso, porque não estamos a falar de partes iguais. Sejamos claros. Os sindicatos da função pública devem ser ouvidos, mas quem decide é o Estado, ou se quiserem, o Governo. Como é que alguém, que parte de uma posição de inferioridade, de facto e de direito, se apresenta com um conjunto de “reivindicações” inegociáveis?

Eu explico. Enquanto existirem situações como a do Eng.º João Proença, que é simultaneamente membro da Comissão Política Nacional do PS e dirigente sindical. Enquanto continuar o regabofe em que ninguém questiona a representatividade de cada sindicato em concreto.

Sobretudo enquanto os sindicatos não pararem para pensar e preferirem continuar nesta simulação bélica. Enquanto continuarem a gritar inimigo! Inimigo!, de manhã e à tarde esticarem a mão para receber a subvençãozinha da ordem.

Enquanto não se correr com esta corja de dirigentes, de vampiros que pressurosos, passam a vida em almoços, convenções e jornadas de luta em saunas selectas.

O sindicalismo é hoje um coito de medíocres, inaptos na sua maioria, para dirigir o clube do bairro quanto mais uma organização representativa de trabalhadores, que encontraram no sindicato a vidinha fácil com que tanto sonharam.

Os sindicalistas são hoje os principais adversários e ofensores de quem deviam representar.

Uma corja.

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A CORJA

A FENPROF, que neste País de Faz-de-Conta é um Sindicato pago por mim, está muito chateada com o Ministério da Educação, porque embora entendendo que o número de escolas que poderá encerrar seja “um problema das populações, da administração e das autarquias, mas também dos professores «pelas consequências que tem para o emprego docente».”

Nem a FENPROF põe verdadeiramente em causa que é anti-pedagógico, estúpido e impensável que alunos da antiga primária tenham aulas sozinhos, ou com meia-dúzia de outros miúdos, mas atenção às consequências que isso possa ter para o emprego docente…

A FENPROF é uma organização com dirigentes tão medíocres que nem sequer defende os seus próprios associados. Em nome não se sabe bem de quê, de um despeito, de uma desconfiança nunca concretizados, a FENPROF está sempre contra, tem sempre algo a acrescentar, ou melhor, tem sempre apêndices inúteis a sugerir, ideias estapafúrdias que não lembrariam ao diabo.

Esta medida, que aliás é estrutural e defendida por qualquer pessoa de bom senso, em nome dos alunos, das crianças que têm direito a um crescimento são e a uma aprendizagem civilizada, mas também em nome dos professores que continuam a dar aulas a 1, 2 ou meia dúzia de miúdos só é contestada por quem faz disso profissão. Não por professores, entenda-se, mas por gente cujo fito é contestar, estar contra, seja aquilo que for.

Para esta gente pequena, a principal função da Educação não é a de ensinar, é a de dar emprego. Nesta óptica a principal função do Estado não é a de administrar a Justiça, a Educação, a Saúde, etc.. É a de dar empregos. Sem fundamento, sem necessidade, sem planeamento.

O que me preocupa não é propriamente a FENPROF. É que uma classe inteira, indispensável em qualquer sociedade, como a dos professores, se permita ser representada por esta corja.

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